O presente projecto integra o objectivo principal da Unidade de Apoio à Escola Inclusiva de contribuir para melhorar o processo de inclusão dos alunos com incapacidades nas escolas. Este compromisso é acompanhado pelo esforço para compreender as atitudes de aceitação evidenciadas pelos seus pares, bem como as variáveis que as determinam e as formas efetivas de as promover, com o propósito de desenvolver materiais sustentados na revisão da literatura e em dados empíricos que possam vir a ser usados pelos professores nas escolas.

O interesse pelas atitudes dos alunos face aos pares com incapacidades tem alimentado um vasto corpo de investigação ao longo das últimas décadas. Definidas como a “tendência psicológica expressa pela avaliação favorável ou desfavorável de uma entidade particular” (Eagly & Chaiken, 1993, p. 1), as atitudes determinam a forma de pensar, sentir e, na sua vertente mais visível, de agir perante um alvo referente – neste caso, os alunos com incapacidades – não admirando, portanto o papel decisivo que podem ter nos processos de inclusão educativa.

A adopção do modelo educativo de educação inclusiva é uma tendência verificada globalmente, com muitos países a desenvolverem esforços para garantirem a igualdade de acesso a todos os alunos, incluindo obviamente, os alunos com incapacidades. O consequente aumento do número de alunos com incapacidades nas escolas trazia consigo a expectativa do desenvolvimento de atitudes positivas nos alunos sem incapacidades, fruto da expansão de oportunidades de interacção com os pares com incapacidades. Todavia, os dados indicam que os alunos com desenvolvimento típico não estabelecem interações espontâneas, nem desenvolvem atitudes positivas, mostrando tendencialmente níveis reduzidos de aceitação social dos seus pares com incapacidade (Diamond & Tu, 2009; Lindsay & McPherson, 2012; Rillotta & Nettelbeck, 2007). Esta realidade apela à necessidade de modificar as atitudes negativas e criar condições de recetividade dos alunos com incapacidades, sob o risco de a sua experiência de inclusão se resumir à mera colocação em espaços comuns dentro da escola regular. Enfrentar este problema é fundamental e depende da aquisição de conhecimento sobre as atitudes dos alunos portugueses e as variáveis que as influenciam, para depois ser possível intervir sobre as mesmas de forma fundamentada.

Deste modo, este projecto tem como objectivos específicos:

1.Avaliar as atitudes de alunos com desenvolvimento típico face aos alunos com incapacidades e identificar asvariáveis que as determinam, designadamente como variam as atitudes em função de factores pessoais (i.e., idade, sexo, conhecimento e contacto com pessoas com incapacidades) e de factores ambientais (i.e., características da turma a que pertence, tais como o clima de aceitação global evidenciado; atitudes dos pais e dos professores).

2.Avaliar a viabilidade de um programa de sensibilização para as questões da deficiência/incapacidade, bem como o seu contributo na modificação das atitudes dos alunos com desenvolvimento típico.