Sobre
A reconhecida existência de números crescentes de alunos com deficiências e incapacidades a aceder ao ensino superior (ES) não significa necessariamente que as instituições de ES lhes ofereçam respostas Inclusivas (Beauchamp-Pryor, 2013). Na investigação, aliás, foram já estudadas várias barreiras, desde as financeiras às atitudinais (Hutcheon & Wolbring, 2012), marcando uma acentuada descontinuidade entre os níveis de ensino secundário e superior, o que constitui uma barreira ao
desempenho e ao sucesso académico (Ebersold, 2014). A investigação demonstra, assim, que as instituições de ensino superior (IES) ainda não se constituem como fatores de promoção da igualdade e da equidade no acesso, no sucesso e nas perspetivas de futuro dos estudantes com deficiências e incapacidades. A situação das IES portuguesas tem sido analisada pelo Grupo de Trabalho para o Apoio a Estudantes com Deficiências no Ensino Superior (GTAEDES) que, no questionário realizado às IES portuguesas, encontrou uma grande heterogeneidade de respostas institucionais (Pires, Seco & Martins, 2015). No entanto, e para além desse nível macrossistémico, a Inclusão constrói-se com base naquilo que os professores desenvolvem nas suas salas de aula. A investigação tem demonstrado que os docentes não estão preparados para ensinar estudantes com perfis diversos, sendo difícil garantir equidade no acesso e nas oportunidades para todos (Lombardi, Vukovic, & Sala-Bars, 2015). A promoção de práticas inclusivas, requer, portanto, o conhecimento das atitudes e das práticas dos professores do ensino superior no seu ensino, tendo em conta a necessidade de procederem a adequações que permitam o sucesso de estudantes com diferentes perfis. Este projeto tem assim como objetivos: a) conhecer o tipo de respostas que as instituições de ensino superior portuguesas
(públicas e privadas, do ensino universitário e politécnico) antecipam nos seus regulamentos e nas suas orientações internas; b) conhecer as atitudes e as práticas dos professores do ensino superior na resposta às necessidades específicas dos alunos com necessidades educativas especiais; c) conhecer as perceções dos estudantes do ensino superior com necessidades educativas especiais relativamente às suas experiências, bem como as suas propostas para a construção de um sistema verdadeiramente
inclusivo.
Tendo em conta a diversidade e a complementaridade dos objetivos definidos pretende-se optar por vias de abordagem também elas diferentes e complementares. Assim, para responder ao primeiro objetivo pretende-se utilizar uma abordagem qualitativa e interpretativa, centrada na exploração dos regulamentos das instituições de ensino superior relativamente às respostas a implementar para estudantes com deficiências e incapacidades. O segundo objetivo dará origem a uma abordagem quantitativa, centrada na recolha de dados através da versão portuguesa de um instrumento, o “Inclusive Teaching Strategies Inventory” (ITSI; Lombardi, Vukovic, Sala-Bars, 2015). Finalmente, o terceiro objetivo será cumprido novamente através de uma abordagem qualitativa e interpretativa decorrente da recolha de perceções dos estudantes do ensino superior com deficiências e
incapacidades através de entrevistas semiestruturadas.
Os resultados darão origem a publicações parcelares – tendo em conta os vários objetivos - bem como a uma publicação síntese do projeto de investigação.