Sobre
No contexto do ensino superior, a realização de trabalhos acadêmicos desempenha um papel fundamental na formação dos estudantes, proporcionando-lhes a oportunidade de desenvolver habilidades de pesquisa, pensamento crítico e produção de conhecimento. No entanto, a elaboração desses trabalhos pode ser uma tarefa complexa e desafiadora, especialmente para estudantes que estão ingressando na academia ou para aqueles que ainda não possuem experiência prévia na produção de conteúdo acadêmico.
Nesse sentido, a orientação desempenha um papel essencial, fornecendo suporte e direcionamento aos orientandos ao longo do processo de elaboração de trabalhos acadêmicos. Porém, para que essa orientação seja efetiva, é fundamental considerar diferentes abordagens teóricas e metodológicas que possam contribuir para o bom desenvolvimento do processo orientativo.
A orientação de trabalhos académicos ou de trabalhos para a obtenção de qualificação em contextos formativos é indissociável de um conjunto de reflexões e opções quanto ao seu conceito e natureza, aos seus processos e finalidades. Constituindo-se como um processo criticamente orientado, requer da parte do orientador uma atitude reflexiva face às suas práticas de orientação educativa, que enquadre o relacionamento com o orientando, necessariamente variável de acordo com a etapa do trabalho, o perfil do orientando e o tipo de trabalho a desenvolver (projeto, relatório, dissertação, tese etc.). Confronta, por sua vez, o orientando com o desafio de se adaptar e gerir a relação de trabalho com o orientador, para responder positivamente às exigências inerentes ao desenvolvimento do trabalho, para superar obstáculos e desenvolver aprendizagens e competências que lhe permitam o sucesso, em diferentes dimensões (pessoal, acadêmico, profissional, etc.).
Entende-se que a ideologia produtivista decorrente das transformações capitalistas que resultaram na mercantilização das instituições de ensino, alterando o trabalho do professor que passa a ser cobrado, cada vez mais, por publicações para fazer face a competitividade, modifica diretamente as relações com os alunos de pós-graduação, podendo causar sofrimento laboral, não só para os alunos, como também para os professores.
A abordagem da Psicodinâmica do Trabalho, que tem como um dos seus principais expoentes o médico do trabalho, psiquiatra e psicanalista francês Christophe Dejours, engloba pesquisas que vão do sofrimento ao prazer no trabalho (DEJOURS, 2013). A Psicodinâmica do Trabalho estuda as relações dinâmicas desenvolvidas entre a organização do trabalho e os processos de subjetivação dos trabalhadores, sendo esta subjetivação manifestada pelas vivências de prazer e ou de sofrimento, bem como as estratégias de ação que são adotadas pelos trabalhadores para mediar as contradições da organização do trabalho (EBERLE; BRUNING, 2013).
Serão ainda objeto de atenção neste estudo as questões que a orientação de trabalhos académicos coloca à administração educacional, exigindo políticas, programas e ações que regulem a orientação educativa nas instituições, disponibilizando recursos humanos e materiais, créditos horários e processos de avaliação e reconhecimento que assegurem e validem os processos educativos e formativos.
Refª inED/2023/6