Sobre
O bem-estar subjetivo/ Subjetive well-being (SWB) constitui uma importante dimensão no estudo da qualidade de vida das crianças (Ben-Arieh, Casas, Frønes, & Korbin, 2014; Bradshaw, 2015; Casas, 2016). Nos últimos anos, tem sido realizados estudos regulares que analisam o bem-estar subjetivo das crianças incluídas na população em geral, no âmbito do Children World Project (http://www.isciweb.org.). Todavia, pouco se sabe sobre o modo como as crianças em perigo que são acolhidas, em famílias ou em residências, percecionam a satisfação com a sua vida. O objetivo deste estudo é explorar e comparar o SWB das crianças que se encontram a viver em famílias de acolhimento e em casas de acolhimento, comparando-o com crianças integradas na população em geral e adapta ao contexto português a pesquisa desenvolvida por Joan Llosada na Catalunha, intitulada «O bem-estar subjetivo de adolescentes em acolhimento na Catalunha», orientada por Ferran Casas e Carme Montserrat, da Universidade de Girona (Llosada-Gistau, Montserrat & Casas, 2015; Llosada-Gistau, Casas & Montserrat, 2016).
Em Portugal, em 2015, encontravam-se 8600 crianças acolhidas (Instituto da Segurança Social, 2016), das quais 8297 em casas de acolhimento, de diversos tipos, e apenas 303 em famílias de acolhimento. A maioria destas últimas distribui-se pelos distritos do Porto e de Braga, no norte do país.
Os objetivos específicos do estudo são os seguintes:
- Determinar o SWB nas crianças acolhidas em famílias, em casas de acolhimento e na população em geral;
- Comparar o SWB nos três grupos analisados de modo a determinar, nomeadamente, se há domínios similares com os identificados pela população em geral e se há domínios únicos identificados em cada grupo de crianças acolhidas;
- Comparar as características das crianças integradas no acolhimento familiar e no acolhimento residencial;
- Identificar os parâmetros que se associam a um alto nível e a um baixo nível de SWB, tais como a estabilidade da colocação, a educação, a satisfação com a relação com os acolhedores e os pares, a relação com os pais, a realização de atividades de tempo livre, a existência de ruturas em experiências de acolhimento prévias, as mudanças de escola, etc.;
- No âmbito do acolhimento residencial, relacionar o SWB com a localização, o número de crianças acolhidas por casa de acolhimento, e o número de horas e a qualidade da companhia ou apoio de colegas, técnicos, amigos exteriores e família.