Mundos Digitais no Pós-Pandemia: continuidades e transformações na realidade dos/as estudantes do Ensino Superior

Mundos Digitais no Pós-Pandemia: continuidades e transformações na realidade dos/as estudantes do Ensino Superior

Em curso

Sobre

A riqueza da sociedade atual traduz-se num saber digital, e no uso pragmático e competente das ferramentas digitais. Se estas são usadas por pessoas de todas as idades, são as pessoas mais jovens, nascidas já na era digital, as mais expostas e que mais utilizam a internet, as ferramentas digitais e as redes sociais para fazerem acontecer a sua vida, seja académica, social, laboral ou de lazer.

Os/as jovens do Ensino Superior (ES), em particular, encontram-se bastante familiarizados/as com os mundos digitais, uma vez que nasceram, cresceram e vivem num mundo fortemente conectado e dependente da tecnologia. Os/as mesmos/as utilizam as tecnologias como meios privilegiados de relacionamento interpessoal, de aprendizagem e de desenvolvimento dos trabalhos académicos, visto que podem interagir, aprender e trabalhar (individualmente ou em grupo) em qualquer lugar e a qualquer hora.

No ES, as vantagens da realidade digital, do uso de dispositivos móveis e das ferramentas digitais, em contexto de sala de aula ou fora dela, são múltiplas e inequívocas, podendo destacar-se o/a acesso a uma enorme quantidade de informações por meio da internet, em tempo real; a possibilidade de comunicarem de forma rápida, fácil e eficiente, com professores e colegas, independentemente da localização em que se encontram; uma aprendizagem personalizada; flexibilidade quanto aos momentos e meios de estudo. Estas mais-valias favorecem o rendimento e o sucesso académicos.

Não obstante, existem também desvantagens a serem consideradas, designadamente a dependência excessiva da tecnologia; as dificuldades de comunicação e interação presencial; presença frequente e continuada de distrações múltiplas; dificuldades em distinguir a informação real e/ou com validade científica da fictícia e/ou sem validade científica; procrastinação escolar.

De forma geral, os/as utilizadores/as que frequentam o ES apresentam níveis mais elevados de dependência do telemóvel, redes sociais e internet do que os apresentados pela população em geral, o que pode levar à emergência de múltiplos problemas, desajustamentos e psicopatologias.

À semelhança das outras realidades, também no ES a pandemia por Covid-19 teve impactos profundos. Após a declaração da situação pandémica pela Organização Mundial de Saúde, em março de 2020, assistiu-se à transição de um ensino presencial para um ensino remoto de emergência. Os/as discentes foram obrigados/as a fazer um esforço de adaptação e de ajustamento. Aprenderam (novas) ferramentas digitais, reequacionaram posturas, relações, formas de aprender e de ser avaliados/as.

No ano letivo seguinte, iniciado num cenário de ensino híbrido, os/as e discentes mostraram-se mais familiarizados e ajustados aos desafios do ensino remoto. Não obstante, algumas dificuldades mantiveram-se e, em alguns casos, agravaram-se. Aqueles/as que possuíam menos recursos ou que eram deslocados/as, tiveram designadamente que (continuar a) partilhar com familiares ou pares, computadores e espaços, com condições de acesso à internet limitadas, viram agravada a sua situação de vulnerabilidade, o que condicionou o sucesso e a continuidade do percurso escolar de alguns/algumas destes/as alunos/as. Todavia, era através dos dispositivos digitais que estes/as estudantes, à semelhança de todos/as os/as outros/as, se iam mantendo ligados/as às suas realidades sociais, académicas e à vida que continuava, pese embora com outra roupagem.

Agora na era pós-COVID-19, fica por explorar as consequências da vivência pandémica e como os/as jovens do ES se relacionam na atualidade com as novas tecnologias e os mundos digitais.

Acedendo ao relato de estudantes que frequentam o ES, através do recurso a grupos de discussão focalizada, este projeto, de cariz qualitativo, pretende obter as perspetivas de cerca de vinte a vinte e cinco jovens - que frequentam cursos de engenharias, de ciências sociais e da educação, e das artes - sobre as continuidades e as mudanças que aconteceram na realidade do pós-pandemia no que concerne aos usos das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação, suas causas e consequências, percebendo o que de há de específico em cada realidade, mas também o que de comum se perspetiva. Mais concretamente, pretende-se exploras as perceções dos/as estudantes relativamente às/aos: i. Continuidades e Mudanças nos Mundos Digitais pós-pandemia (dimensão social e individual); ii. Potencialidades (dimensão social e individual); iii. Comportamentos de Risco (dimensão social e individual); iv. Dependências digitais; v. Mundos Digitais Futuros.

Dos olhares dos/as estudantes sobre as continuidades e as transformações experienciadas no pós-pandemia, e sobre as expectativas de futuro, pretendem-se retirar algumas ilações e recomendações que contribuam para o bem-estar, saúde mental e sucesso dos/as estudantes do ES, assim como para a diminuição dos comportamentos de risco e dependências digitais. Neste sentido, a presente investigação pretende contribuir para o aumento do conhecimento neste domínio, espelhado em publicações e comunicações científicas. Ademais tem como intuito a contribuir para a melhoria das práticas ao nível da prevenção primária e secundária das unidades do DICAD, dado que este serviço é o responsável pelo acompanhamento de jovens em risco relativamente a estas dimensões, assim da prevenção primária destas dimensões.

Data de Início

Data de Fim

Grupo de Investigação

Coordenador Interno
Membros Externos
Rui Pedro Tinoco Carreiro
Psicólogo Clínico
Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências da Administração Regional de Saúde do Norte
Andreia Ribeiro
Psicóloga Clínica
Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências da Administração Regional de Saúde do Norte
Parceiros
Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte, IP)